Dez anos de Arte continuação
REVISTA Menino Rei. 175, 176, 177,
Depois de caminhar por caminhos tortos, cheguei até aqui, nesse mundo maravilhoso da arte, e é aqui que eu vou ficar. SAI Ileso de uma jornada de mais de quarenta anos de um trabalho limpo, de um trabalho estrondoso, fantástico, fui soldador elétrico por mais de 20 anos, trabalhei em situações quase impraticável, mas digno, um trabalho fortalecedor. Trabalhei em uma industria de molas de 1962, até 1969. Fui muito feliz e aprendi muito nessas três industrias acreditem, sou muito agradecido a Deus por isso. Aposentado e ainda me sentindo jovem e forte. O que fazer agora? não estava rico, não tinha dinheiro algum, tinha uma casa velha cheia de mofo, e um carro caindo os pedaços. vim de um povo sem herança nenhuma, por tanto que tem que fazer e vencer sou eu. Imaginem num país que as oportunidades são totalmente medida pela sua boa aparência, aonde você tem que ter boa aparência para arrumar um bom emprego, se você é nordestino e pobre não tem jeito você tá lascado. Boa aparência em nordestino só se ele for rico, como rico ou filho de rico não vem pra São Paulo, então não tem nordestino com boa aparência por aqui. Mesmo assim eu não me abalei e. venci essa batalha sem me importar com bobagens. com 45 anos, diploma UNIVERSITÁRIO na mão eu caminhei. 45 anos e aposentado como mandava o figurino sem dinheiro igualzinho cheguei aqui em São Paulo, só que agora com 45 anos uma mulher e três filhos, uma adolescente e dois crianças ainda. Com uma Brasília velha, arrumei um dinheirinho e fomos pra Minas Gerais compra queijo pra vender, não deu certo, fui vender e montar box de banheiro, não deu certo, fui vender melancia da feira, não deu certo, fui ser gerente numa fabriquinha de maquinas de lavar roupas industrial.
PG.175.
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REVISTA Menino Rei.
industrial numa quebrado, cheia de Cearenses morando dentro da fabrica, claro que não deu certo. Prestei concurso na Guarda Civil, na hora de tomar posse não deu, por motivo particular, não tomei posse. Prestei outro concurso na ''Fundação do bem estar do menor'' dai trabalhei 10 anos. depois dos 10 anos a coisa ficou insuportável pra mim , pedir demissão e fui pra casa. Já com 65 anos a começou entra sena o Artista que morava em mim. Ou melhor a Arte começou a sair de mim.
Eu abri esse texto para falar com a arte que sempre esteve em mim saiu para respirar, para causar, para dizer: eu estou aqui em toda a minha plenitude. em forma concreta e abstrata, falada escrita, pintada e esculpida eu estou aqui! Cheguei só faz dês anos, está fazendo. Na arte eu encontrei comigo, eu encontrei a paz, encontrei uma vida novinha para viver. Eu já tinha feito umas tentativas com argila, até com giz, escrever nunca tinha passado pela minha cabeça, me arrisque e tem dado certo, embora eu, um péssimo usuária da língua portuguesa e tenho raiva dos pais dos burros, já fui comparado não sei sé ironicamente com: Mario Quintana, Fernando Pessoa, e Drummond.Na poesia já fui comparado com Manoel de Barro. Nunca li nenhum dos autores citados. Hoje já tenho mais de cem 100 poemas escritos, estou com um livro de contos e poemas publicado e estou preparando outro, sem medo, eu vou sempre em frente, mas não tenho medo de recua, não tenho.Comecei esculpindo pequenas peças, com um estilete escolar, depois fui passando para peças maiores, com muito sucesso estou indo trabalhando, pé, perguntam: você vende? eu sempre digo não, tenho grande traumas de vendas. artista não pode e nem deve ficar escravo do mercado, para o bem da criação.
PG.176.
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Esse meu trabalho é tão importante na minha vida que a cada peça concluída, eu coloco alma, coloco poesia, sentimentos nelas.
Tenho já um acervo de mais de duas mil obras de arte e muito fôlego para trabalhar, me divertir, sim me divirto as fazendo. No momento estou concluindo sete trabalhos para o festival de curta metragem de cinema de Suzano-SP.
''MARIPOSAS''
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