quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Anos Dourados. 1960.P

Chegando a década de sessenta  , eu já com dezesseis  anos só pensava em ganhar dinheiro pra ter as coisas, só pensava em andar com a cabeça erguida, fumar bons cigarros e beber bebidas finas, era o que eu queria sim. Eu tinha na Fazenda de Sr. Zacarias Bonina um cabrito, o Sr Zacarias mandou: Olho de Gato leve o cabritinho lá pra roça   pra ficar com minhas  cabrinhas., isso era o fim da década de cinquenta, o cabrito estava crescendo, e eu tinha um plano pra ele, seria a minha passagem para São Paulo, e foi. Eu continuava a trabalhar como aprendiz de
sapateiro na semana, no sábado tomava conta de uma barraca de causado que vendia quando muito um ou dois pares de sandálias não ganhava nada, a vida era realmente um dureza sem limites. Eu não tinha perspectiva nenhuma, eu não tinha mais nada pra fazer ali coração partido tinha que me mudar, para ver se as coisas também mudavam, 1959, Outubro dezesseis anos, a pior idade tudo é começo pararam de te ver como um menino, comessem a te ver como homem e começam as cobranças,  os da rua e os de casa também, despreparo total, muitos até se matavam, diante de tantas pressões. Largar tudo, os amigos as amigas, minha mãe irmãos, muitos irmãos seis, mais eu tinha que vim isso já estava decidido, agora era só espera os dezoito anos. 
Já estava dando adeus a melhor década da minha vida, maravilhosa linda se sou o que sou graças a poesia da queles anos maravilhosos de grandes descobertas, um pouco antes tinha descoberto o sabor de hortelã, e outras delicias, guaraná, o gelado me fascinava. Gelado pra nos era o picolé. Agora tava  descobrindo brincar, pular, brigar, não ter medo, de nada, aprendi  a ler em fim, andar de bicicleta, escrever, responder.  A infância a infância, adeus infância! 1960. ano de Eleição de Presidente do Brasil. Os candidatos? Plínio Salgado, Jânio Quadro, Nereu Ramos, Ademar de Barros, Teixeira Lott. campanha pelo Brasil a fora muita agitação muitas apostas, quem não tinha dinheiro apostava objetos, bem meu pai apostou o maior bem da vida dele, uma Sanfona Todesquinne de 120 baixos, preta, muito bonita. Mais apostou em Plínio Salgado, o que lhe rendeu uma salgada derrota. Perdeu a sanfona pra  o Mestre  Cazuza o ferreiro da Cidade. Ganhou a eleição Jânio Quadro. Ai eu já estava com dezessete anos de idade sem graça nenhuma pronto pra me lascar, mais não me lasquei não, terminou o ano de 1960 e entramos em 1961, Eu                  trabalhando numa sapataria sem ganhar nada num sabe? Só pra não ficar parado em casa, esses três últimos anos foram os piores da minha vida, de quinze a dezoito anos. Iria fazer em Outubro e já estava me preparando para a minha grande viagem, afinal  não conseguia ver mais nada pra fazer ali, naquela cidade que tanto amo, meu pai uma pessoa que eu amava acima de tudo tinha nos abandonado eu que era um menino alegre risonho tinha perdido a graça, não via mais nada ali no povo bom e conhecidos, no Rio Almada, no campo, na praça, no pau-do-Perí  em tudo, tinhas minha marca, nas brigas de rua,  nas ruas, nas matas, no ouro, no rio Grangugi, em Almadina, ia deixar tudo para viver outra vida, fazer outros amigos e meu fiel companheiro o Quinda? o que ia fazer, a nossa amizade era muito forte, agora eu ia conhecer o  desconhecido total. já tinha decidido que viria pra São Paulo, São Paulo. Para mim um grande sonho. Não dava mais pra voltar atraz não dava. Com esse texto eu encerro a minha brilhante passagem pela Bahia, pelo Sul da Bahia, e a passagem da infância para a vida de gente grande, de  grandes sonhos. Não tive mais noticias do Quinda não tive.


                                             FIM

Texto de Euflavio G. Lima.
texto sem revisão.

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