quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

''Também nasci numa manjedora''.


Também nasci numa Manjedoura, sim onde não faltava cavalos, carneiros cabras cobras, vacas  passarinhos, engatinhei pedindo passagem pra varias espécies de animais, e insetos, até cobra foi encontrada passeando na borda da minha rede. Não podia ver um buraco de tatu que já ia arranjando um jeito de cavar pra tira o tatu, podia encontra uma cobra lá dentro do buraco, mais agente era assim: destemido corajosos, tinha no meio os medrosos que ficavam , vamos embora, que já tá ficando tarde.Mais a vida era assim naquele tempo muita LA, o que gerava homens de verdade. Os preparativos pra ir pro mato: estilingue no pescoço como colar mochila de pedra, pé no chão, bora pra lida. Saia pro mato esquecia de ir pra escola, esquecia de voltar cedo, quando voltava , vinha fazendo promessa pra vários  santos, deixando os santos da igreja muito confuso, e sem saber o que fazer os santos batia cabeça , e em casa o coro comia, primeiro o da mãe , depois quando o pai chegava, a mãe contava ai vinha o coro do pai,  se isso não acontecesse, era muito estranho, meu pai tá ficando mole, mais as vezes agente inventava uma história tão fabulosa, que salvava agente, que ia dormir feliz da vida, depois de um dia sensacional, comendo jaca, goiaba, fruta do Conde, que brando coco, chupando cana, vez ou outra pegarmos animais no pasto ou até na rua, improvisava uma cordinha e sai montado em pelo por ai. Também tinha as brigas na rua, beira de campo, beira do rio com torcida e tudo, o camarada só não podia apanhar, se apanhasse ficava desmoralizado para sempre, só se livrava dessa derrota se batesse em alguém bem maior e mais valente do que ele, ai o perdedor ia herdar a sua desventura passada. Naquele ambiente tão hostil, agente estava sempre expostos a tudo, desde capataz de fazenda, até piranhas nos rios do lugar, queda de arvore, picada de marimbondos de varias espécies, mais os mais comuns era o Mangue, e três por dois que perseguia a gente correndo e eles voando atraz, a gente  se jogava no chão e o enxame  lotado, mesmo assim sobravam três ou quatro ferroadas muito doida, o que dava a fama de marimbondo perigoso. Mais tinha as carreiras que agente dava de vaca parida, vaca paria e sem saber passávamos muito perto, elas largava o bezerro e partia pra cima da gente, andávamos  sempre em bando de três quatro. Nunca andávamos sozinhos e nunca corríamos pra o mesmo lado, de forma que quem corresse atraz de nos tinha que escolher qual dos três ou dos quatro ia pegar. A nossa infância foi muito especial, agradeço muito aos meus queridos pais. Jesuíno e Donata ou Dona Donata. Que deus tenha achado um lugarzinho  pra os dois. Vou falar agora de um animal que deixou muita saudade em mim, eu adorava aquele cavalo, quer saber chorei muito com aquele enredo da Beija-flor,'' O Manga Larga Marchador''lembrei de um cavalo que meu pai tinha, era um cavalo de pequena porte, mais um cavalo muito forte, muito forte, não sei destingiu se era um sendeiro ou um alazão, mais lembro que era muito bom viageiro excelente ele abaixava a cabeça e mantinha um ritmo d viagem espetacular jámais vou esquecer esse fato, jamais deixaria de contar pra todos que por acaso  ler meus textos. Certa vez meu pai não tinha ninguém melhor do que eu para mandar, olhou assim do lado, é eu estava sempre por perto quando ele estava em casa arrumando alguma coisa. Flavinho você vai na roça levar esse dinheiro pra os homens que está trabalhando lá, tinha uns homens fazendo uma cerca pra ele numa terra que ele tinha pegado em troca numa casa. Tá bom papai eu vou, três léguas e meia, de ida, a mesma de volta, você vai no cavalo pequeno como já falei em outro momento naquele tempo menino com treze quatorze anos já era aduto pra ajudar o pai, peguei  o cavalo puns a cela montei, peguei o que tinha que levar, o dinheiro e tomei a estrada, o cavalo não galopava mais tinha um viageiro seguro e continuo do começo ao fim da viagem, era pra mim dormir lá, porque eu ia chegar umas seis horas da tarde, mais eu tava com um furunco  e me ofereceram um milho cozido e eu comi, dai o furunco começou doer, doer que eu além de não ter lugar pra dormi não estava aguentando a dor, entreguei o dinheiro pra o homem, montei no cavalo e estrada, tinha chovido, muita lama é porque estrada lá é pior do que aqui acredite sempre foi. O cavalo abaixava a cabeça e naquele passo bem cadenciado, como um musico numa sinfônica e eu morrendo de dor, acho que chegamos em casa umas meia noite não lembro. Eu nunca me sentir tão seguro na vida como naquele dia. Década  da de cinquenta.

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