Moro em São Paulo desde 1961, mais nunca me acostumei totalmente aqui , até a fala é como se nunca tivesse saído de lá. Outro dia eu estava vendo um a conversa minha gravada há uns quatro anos atraz, e cheguei a essa conclusão. Vamos voltar ao jardim que foi minha infância, nas pequenas ruas de minha Coaraci, na beira do rio, nas viagens pro ouro, nas portarias dos vários circos, na beira do campo e nas escolas onde estudei correndo antraz de bode, de burros de lagartos e calangos. Das caravelas no areão do nosso querido rio Almada, Tudo isso junto com meu grande amigo Quinda, Aquele que sua mãe sabia ler e escrever. Quinda que nunca mais tive noticias dele, pensava até que ele tinha morrido, mais não morreu o ano passado estive na Bahia e tive noticia certeira dele, mora em outra cidade em dezembro estou indo lá para pesquisar mais dados para esse livro, e vou procura-lo, não posso deixar de lembra dele chorando em volta do caminhão pau -de Arara que eu vim pra cá, até por que tava vindo uma das suas irmãs naquele dia 5 de novembro de 1961. Vou falar da nossa casa, meu pai um guerreiro, trabalhava muito pra não faltar comida na nossa mesa, minha mãe uma grande guerreira também economizava o pouco que tínhamos, ia na feira, fim de feira é claro, comprava tripa, bofe, coração bucho de boi, carne de cabeça, farinha, andu, fava e nos passava a semana, eu com 12 ou 13 até os 16 anos vendo aquele sofrimento, de meu pai e minha mãe pra não deixa faltar comida na nossa mesa, comecei pensar: Quando eu tiver 18 anos eu vou me embora, vou pra São Paulo, ou pra o Rio de Janeiro vou, aquele plano foi se materializando,arranjei uma sapataria entrei como aprendiz, não ganhava nada mais aprendia disciplina, responsabilidade que ia me acompanhar pela vida, compri horário, não desperdiçar materiais, conquistar a confiança do patrão. Lembro eu criança tomando banho no rio mais os meninos da minha idade, 8 a 10 anos de idade, tomava banho nu sem problemas, de uma hora pra outra me apareceu uma vergonha tão grande não sei da onde veio essa vergonha terrível fiz minha mãe arranjar um calção com a maior urgência, que a situação pedia, comecei pensar: e se minha professora passar por aqui? Nesse momento, se apoderou de mim um medo muito grande , muito grande, mudou pra perto da minha casa uma família com três moças, muito bonitas, que podia passar por ali a qualquer momento. Dali pra frente nunca mais eu fui o mesmo, passei a tomar banho de calção.
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