Estradas Reais., 148, 149 150, 151 152.
Livro Revista.
Caminhada:
A caminhada do trabalhador no Brasil não é coisa fácil, nunca foi. Muitos trabalharam em regime de escravidão em troca do arroz e feijão, muitos a maioria, nunca alcançaram a aposentadoria, muitos patrões que não recolhiam a cota do INSS, do FGTS. muitos mesmo. Por trabalharem em lugares impróprios, por trabalharem sem as devidas proteções, muitos morriam antes, das chamadas doenças do trabalho que são muitas, como no mato morem sem saberem as causas, as causas são encobertas por laudos forjados, por causa das indenizações. Os que alcançam a aposentadoria aos 30, 35 anos de trabalho chegam tão debilitados que da até pena, e é natural morrerem um ano, dois anos depois de aposentados. Esses homens são heróis anônimos que, que na maioria vieram do nordeste para trabalhar por aqui, muitos não conseguiram nem voltar mais na sua terra querida, a que lhe viu nascer. que estou falando foi um bem sucedido trabalhador. Nordestino, correto por onde passou, apesar de ser quase analfabeto, foi um Soldador Elétrico, conseguiu dentro da empresa essa profissão, passou por três Empresa no decorrer desses 30 anos. Conquistou um ótimo salário, conquistou com suas forças. Quando se aposentou levou o maior susto da sua vida, o salário foi reduzido mais de dês vezes. Esse moço não entrou em pânico. Com 45 anos de idade, três filhos todos pequenos, não tive outro jeito, ficar e lutar, lutar e ficar. Como esse país e injusto com os seus trabalhadores. Foi muita humilhação, precisou tirar os filhos da escola particular, não tive como voltar para empresa, por que sai brigado com a firma. Precisei dar altos pulos, precisei. Prestei vários concurso publico, concurso na Guarda civil, prestei vários outros concursos, por fim prestei concurso na Fundação do Bem Estar do Menor e lá trabalhou por longos 10 anos. Acho que você que esta lendo esse livro, já deve ter percebido que estou falando de mim. Sim de mim mesmo. Trabalhai 10 anos enfrentei vários problemas que só quem trabalhou lá sabe, estou aqui falando de mim.
PG.148.
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Estradas Reais.
Livro Revista.
O meu projeto era trabalhar mais dez anos, quando deu os dez anos eu pedir demissão e fui pra casa. Graças a Deus mais uma vez sai em leso. sai saudável. Fiz muitos amigos e amigas por lá. Cheguei a Perambular por mais dez anos por São Paulo Capital, para ver se aprendia a amo-lo, frequentei Saraus agora como Poeta Escritor. Para falar a verdade nunca comi o pão que o Diabo amassou, não fui nem muito feliz e nem muito infeliz, procurei amarrar o burro aonde o dono mandava, e assim seguia, sempre tive soluções para os meus problemas. Só quando se tratou do Estado e Eu que eu fui pra justiça e ganhei. Hoje com os meus 77 anos já tenho o que vim buscar. Sou admirado por meus filhos e irmãos. Um dia o meu irmão mais velho me disse bem olhando dentro. dos meus olhos: Meu irmão você é um cabra retado. Esse meu irmão nunca se acostumou em São Paulo e nem eu. Mesmo assim fomos vivendo um dia após o outro, movido por um Salário, fui vivendo com paixão pela vida. No tempo das grandes paixões fui visitar Coaraci, lá encontrei a minha primeira Professora, que ficamos encantados, eu e ela, conversamos muito sobre minha vida aqui nessa cidade gigantesca, num dado momento ela dona Carme Dias, dos Dias, da família Dias, me perguntou: Euflavio você estudou, ou esta estudando? eu lhe falei meio acabrunhado não professora, lá não temos tempo para estudar eu disse. Assim um estante me lembrei daquela moça vestida com roupas de homem, e todo mundo parando pra olhar. Quando voltei lá as coisas já tinham mudado, as musicas já eram outras. Isso a uns vinte anos atras, será que não era parente da professora? mais professora estava esperando a resposta. Estava eu, eu estava ainda montando uma boa resposta pensei e me enrolei, e ficou o dito por não dito. Voltei pra casa e só depois mais de vinte anos eu voltei num novo passeio lá, e fiz questão de ir na casa da professora vinte anos mais velha para dizer que tinha estudado e me formado em. Comercio Exterior.
.PG.149.
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Estradas Reais.
Livro Revista,.
Não lembro o que ela me falou, não lembro o que ela disse na quele ano de 1973. ano que o Presidente do Chile foi assassinado pelo comando do General Pinoche que implantou uma Ditadura Sanguinária, assim com a nossa e a da Argentina. Já a do Peru teve que enfrentar os Tupamaros Grupo Guerrilheiro muito macho. Mais ainda aquela pergunta não me saia da mente: Euflavio você estudou? ou esta estudando? eu disse não. Ficou cravada. Me atormentando. Voltei do meu passeio pra São Paulo esperei um pouco, acho que uns dez anos e voltei pra escola, para o supletivos entrei na Faculdade e me formei. A pergunta não saiu e esta ate hoje em mim. Eu falei pra o Quinda sobre a mulher de roupa de homem ele quase não acreditou e me falou: como ela era, era bonita, eu falei que parecia Artista de cinema. A causa da moça era preta sem braguilha, esse detalhe eu olhei muito bem. o Quinda arregalou os olhos, e me disse: Mais rapaz! e eu não vi... onde será que eu estava? será que estava na roça? com certeza! e como era ela? era bonita? eu falei era linda de mais. Lembrava com muita saudade das tropas de burros e mulas que circulava nas ruas próximas aos Armazéns de compradores e Exportadores de Cacau. Em São Paulo ha mais de vinte anos não esquecia da minha terra, das figuras carimbadas que faziam a vida da quela cidade ser menos dura. Não esquecia as paisagens, o verde que cercava a cidade e ainda cerca, com fazenda de cacau, com cerca de fazendas dividindo sua casa no quintal, com pássaros de toda especies lhe acordando todos os dias. de canário a beija-flores. Como eu pude trocar tudo aquilo por um salário mínimo. Vinte anos e eu não esquecia. Ali eu era um Rei e meu cavalo não falava inglês. Mais eu com o sangue de aventureiro correndo nas veias como ia ficar lá, de que eu ia viver, era bruto, não amava a escola, tinha sido expulso da infância ainda pequeno, meu pai me chamava para ajuda-lo a matar os carneirinhos, e pra mim aquela vida se tornara normal, hoje sou consumido pelo remorço, sou.
PG.140.
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Estradas Reais.
Livro Revista.-
Meu pai ia se acidentando de morte na minha frente um dia. Matando um porco, o porco deu-lhe um solavanco, a faca do tipo peixeira foi arremessa em direção a sua garganta, a garganta do meu pai e lhe furou a queixada, mais sem consequências. A vida continuou normal dali pra frente. Num dado momento já depois dos sessenta e cinco virei artista, Poeta Escultor, como uma mágica, no começo resistir, ficava acanhado quando me chamavam de Artista, depois fui me acostumando e hoje já me sinto Artista, só que as fabricas por onde eu passei estavam sempre presente nas minhas conversas, nas minhas Poesias. Como eu poderia tirar aquela fabrica de molas de caminhão das minhas lembranças? se foi lá que eu aprendi ser eu, que ganhei uma personalidade autentica, uma personalidade verdadeira e forte. Foi lá que eu encarei de igual dois homens, os dois donos da industria de molas, dois Tubarões, eu disse não para eles olhando nos seus olhos. Aquilo. senhor foi lindo! Sempre ouvi desde muito pequeno ouvindo primeiro minha mãe que trabalhava numa Fabrica de tecido, só falava de trabalho, de tecelagem, das amigas da fabrica, falava em Doutor Pedro, em seu Constâncio o Diretor da fabrica, ela amava a fabrica de tecido. Minha mãe até há pouco tempo atrás ela falava nas amigas da fabrica. O meu cavalo era o Rei das Estradas Reais, eu amava os calçamentos, as construções, as Capelas ao longo da estrados
'' INFANCIA MENINO''
Fui expulso da infância com
Dez anos de idade eh.
Pra não comprometer os
Outros dez fui ajudar meu pai
Gritei chorei com um cão
Tive que ser forte um bruto.
PG.151.
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Estradas Reais
Livro Revista.
No mundo dei murro em ponta
De faca malhei em ferro frio
Corri contra o vento forte
Não abaixei a cabeça bis neto
De explorador um ser sem herança
Mais com muita esperança sigo...
Acendemos os fornos dos Engenhos
De açúcar tomamos o chá amargo
Nunca tivemos patrões tivemos
Amos, Senhores
Pra quem um Brasil tão grande?
Me responda quem souber.
Meu pai e minha mãe analfabetos
Não disseram quem foi seu pais
Por tanto não sei quem sou
Que Cruz pesada a carregar
E os poderes da Republica!
E a Justiça dormindo em berços
Esplendoroso em Suites de cristal
E de marmore Carrara seguem
Cega surda e muda Credo!!!
Fim.
.PG.152.
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