quinta-feira, 16 de junho de 2022

 Estradas Reais.79. 80.

Livro Revista.

 Meu Pé de Tamboril


                    Era uma Arvore imensa que tinha fincada bem em frente  a nossa casa na Bahia, nunca tinha visto nada igual ou quase igual, dali par    a frente passou a fazer parte da minha vida, folhas pequenas, tronco muito grosso e curto, galhos aberto, com milhões de outras vidas vivendo na sua dependência, ou  suas dependências. Essa arvore era como um guarda nosso, para mim que era muito criança eu dizia que a arvore era minha. Naquele tempo que as crianças eram muito infantil era assim, as crianças se apossavam das grandes coisas. O meu pé não sei do quer era uma arvore de madeira muito mole, posso dizer fofa, muito usada  para fazer cocho, colher de pau, e outros utensílios. Na minha ignorância na botânica acredito que era uma Arvore pra mais de 800 anos de idade. Ela, a arvore ficava a uns cinquenta metros da casa da cede da velha Fazenda da veia Maria e a uns cem metros da nossa casa, ali tudo  era pasto onde eu pastava: comia goiaba, araçá do chão, carambola, coco de catolé, comia  tudo que tivesse cor amarelo ou vermelha. Tipo uma Gafanhoto de dois pés kkk.  Eu ficava de manhã sentadin na minha amiga pedra esperando esquentar o dia um pouqui pra eu ir lá na Arvore ver os passarin cantar, eram tantos que o ouvido doía de tanto canto: era Ben-te-vi, Sabiá, Guriatã, era Curió, até Alma de Gato, e Ben-te-vi, Sabiá.  Meu Deus esperaram eu vim embora e tocaram fogo na minha arvore, que agonizou até a ultima filhinha, meu irmão veio em São Paulo me falou e eu chorei de dor. Lembro do meu tamanquinho de pau, eu calçado, mais só quando ia pra escola, os pés se davam por satisfeito  no chão, de cascalho, ou barro vermelho. Eu ficava mais da metade do dia, do meu dia pastoreando os carneiros que meu pai comprava pra revender a carne, era o meu trabalho de menino, mais eu gostava de fazer isso, as vezes tinha ovelha com carneirinho novo mamando, eu gostava muito, aquela arvore, a minha arvore gigante era a minha companheira, mais agente cresce e eu cresci e vimm pra São Paulo, e ela ficou, e estaria lá ate hoje se não fosse o crescimento da cidade, provavelmente, já que a arvore era muito grande, puseram fogo nela, e infelizmente o fogo a destruiu. 



                                                                                                                                            PG.79.

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Estradas Reais.

Livro Revista.


         Mais eu me recuso a esquecê-la, pois minha infância foi marcada por ela. Essa maravilhosa ficava bem em frente a minha casa, via todos os movimentos, os nossos movimentos, chegada, saída, os gritos descontrolados do meu pai, da minha mãe me chamando para pilar o café. Me viu trepado no pé de laranja, me viu cai desse mesmo pé de laranja e descer todo torto com a bunda espetada com os espinhos da laranjeira, ela me viu.  Era lindo os dias de sol ali, as milhares de vidas que dependia da arvore, os parasitas, que se alimentava da seiva acho que amarga, ou sem gosto extraída da casca da minha arvore. Morreram no fogo com ela. Abraçados com ela. Foi muito rica minha infância, cheia de infantilice, travessuras mesmo, sempre na corda bamba pra eu andar, cheguei a me perder na mata, mais antes de começar chorar achei o caminha, digo não tinha caminho, tinha os rumos a escolher, o Sol por entre as folhas, e tinha os santos pra nóis pedir ajuda se demorasse, antes que anoitecesse agente pedia ajuda pra Deus. Agente não pedia antes para não aborrecer Deus. Eu tinha medo de nunca mais ver o grande pé de Tamboril como agora. Como quando fui embora pra São Paulo e não vi mais. Tenho ele vivo e majestoso comigo encravado na minha mente. Eu demorei muito voltar ele não me esperou. Não preciso  de foto, de Self, eu tenho ele.  Mais também tinha um grande jaqueira que nos fornecia os seu fruto de graça, duas vezes por ano. Vocês não imaginam como fora difícil eu largar tudo para essa aventura. Aquele alto foi o maior senário que eu podia ter, os ninhos de passarinhos pra eu visitar , o pé de carambola pra eu me alimentar, os calangos pra eu casar. Eu corria o tempo todo e não cansava, as vezes esquecia de ir pra o Rio tomar banho, quando lembrava ja era tarde e já estava frio pra mergulhar. Nesse meio tempo tinha também a escola para ir sem incentivo nenhum. 





                       


 

 


                                                                                                   PG.80.                                                                                                          .         

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