Estradas Reais. 240, 242,243, 244
Livro Revista
No mato sem Cachorro II
Agente voltava do mato com as mão abanando, fazendo promessas pra tudo que é santos pra não apanhar da minha Mãe e depois do pai. Os santos ficavam doidos sem saber o que fazer, agente prometia acender velas pra vários santos da Igreja ao mesmo tempo, pela mesma causa. Chegava em casa o coro comia primeiro da mãe, depois, quando o pai chegava, a mãe contava e de novo coro, ai agente não acendia as velas porcaria nenhuma, por falta de graça, se isso não acontecesse agente desacreditava do pai, e pensava: Papai tá ficando mole. As vezes agente contava uma história tão fabulosa que salvava a gente eu ia dormir feliz, agente ia dormir feliz, depois de um dia venturoso nos matos comendo frutas do mato, maracujá brabo, jaca, pinha e cajá, agente achava cana, coco e goiaba. As vezes agente pegava animais na Rua ou no Pasto improvisava uma cordinha um baixeiro e saia montado que nem um Rei. Tinha também as brigas na Rua e na beira do campo de Futbool com torcida e tudo, o camarada só não podia apanhar se apanhasse ficava desmoralizado para sempre e isso era péssimo, mais eu ali soldando, não podia descuidar, para não perder o chanfro e não soldar fora. kkk O cara só se livraria dessa maldição se batesse em alguém maior de forma e famoso por valentia, missão quase impossível. Naquele ambiente tão hostil onde todos andavam armados de faca, agente que era da Igreja estava sempre na desvantagem o Padre dizia pra gente não andar armado, agente era expostos a tudo, até a correr para não apanhar. Eu que tinha nascido também numa Manjedoura como já disse tinha que correr de Capataz de Fazendas, correr de marimbondos, Piranhas no Rio e muitos outros perigos de bois brabos, de guarda lona de Circo e tudo mais. Correr de cobras, de cachorros de Rua. O mangue é um marimbondo muito valente, se você passar perto de enxame fazendo barulho, pode passar sebo nas canelas que você vai ser atacado, só um jeito de você se livrar deles que vinham os milhares, você se joga no chão e eles passam lotados, mesmo assim sobrava três ou quatro ferroadas, eles escolhia sempre o olho que ficava inchado por dois dias ou mais.
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Estradas Reais.
Livro Revista.
Correr dos moleques maiores, mais velhos um ano. Bom estou falando de coisas que acontecia, aconteceram há sessenta anos atras, mais pode está assim ainda hoje, a Cidade é parada no tempo, as mesmas casas e as mesmas paisagens lindas, o Prédio do nosso Cinema da infância, ainda esta lá do mesmo jeitinho fazendo agente para na sua frente para sonhar. Lembrei da apresentação de Luiz Gonzaga O Rei Do Baião acho que 1.953 ou 54. Ta lá Esta lá a minha infância intocada, intocável, irretocável, as matas, capoeiras e meninos como nós ainda tem os montes. Tinha ainda as carreiras que agente levava de vaca paridas, distraídos, passava-mos perto da moita onde elas escondia o bezerros, ai a bicha largava o bichinho e corria atras da gente. Nunca andava-mos sozinhos, era o bando de três ou quatro, nunca corria-mos todo pra o mesmo lado, quando perseguidos. Saia-amos para pegar manga ou laranjas goiabas, caju em algum sitio próximos da cidade. porem tinha dias que o capataz estava de plantão ai não prestava, encontrava agente com o chapéu cheio de mangas Ai era osso seu moço corria-mos cada um pra um lado, alguns iam para na beira do Rio. Pará um pouco para respira, beber agua e fumar um cigarro que ninguém é de ferro. Fumava e ia no banheiro fumando depois voltava para o batente. Retomava o trabalho e os pensamentos, pensava no time que perdeu, nas amigas meninas ainda crescendo os peitos que deixara na minha Bahia. Menina que agente criava, para depois ver se namorava com elas, quando estivessem criadas, se casavam e vinham embora pra São Paulo ou Rio de Janeiro. Agradeço muito a Dona Donata e Sr Jesuíno que nos ensinou a sermos direitos, eu e meus irmãos, nos deixou brincar. Deus que tenha encontrado um lugarzinho legal para eles ficarem nos esperando lá no Céu. Pensando agora em um Cavalo que agente tinha e que me deixou quase morrendo de saudades, quando meu pai se desfez dele. Era um Cavalo pequeno chuviscado com pinguinhos marrom, passas macios, passos de veludo e passos continuo capaz de viajar uma hora e meia assim no mesmo passo com o viajante montado.
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Livro Revista.
O Cavalo para mim é um animal querido. Um outro dia eu estava assistindo o desfile das Escolas de Samba do Rio De Janeiro e chorei muito com um Enredo de Samba da A Beija-Flor ''Falava do Cavalo Manga Larga Machador'' lembrei desse Cavalo maravilhoso que meu pai tinha e eu o chamava de meu. Vamos tomar o nosso cafezinho das dez depois eu volto. Não sei distinguir os tipos de Cavalos, vim muito cedo pra cá pra São Paulo, se Sendeiro ou Alazão não sei...Sei que amo esses animais pela doçura deles e pela contribuição através dos séculos. Lembro de um outro Cavalo que agente tinha esse era um Cavalo muito ligeiro com muita personalidade, um Cavalo de medio porte. Mais eu trabalhando, fazendo minha solda, soldando, soldando os componentes de Usinas Hidroelétrica lembrei de um pequeno Cavalo que em um dia muito Úmido, foi esse Cavalo que eu narrei ai no começo da pg. Meu me trouxe de uma roça onde eu fui levar para pastar, meu pai tinha, nós tinha-mos ha umas quatro léguas de casa. Meu pai tinha me mandado levar os animais da nossa pequena tropa numa rocinha que ele tinha também que levar um dinheiro para pagar pra um trabalhador que fazia uns servicinhos pra ele, eu com um enorme furúnculo ali perto das nadégas também conhecida como bunda ou uma coisa de duas bandas. Não reclamei nada, arrumei as coisa e fui na parte da tarde, cheguei lá pulando arvore caída por causa da chuva, cobras molhadas e raivosas, conseguir chegar lá, procurei o homem, paguei. mais eu tinha que dormir lá e voltar no outro dia, não conseguir a dor era muito forte. Tomei uma das decisões mais importantes da minha vida de criança, a de vim embora pra casa no mesmo dia, peguei o Cavalo que eu já tinha soltado. Naquele dia ou noite e a vez do tudo ou nade, Não quis nem saber se meu pai ia ficar brabo, ou não. Repeguei, resgatei o Cavalo de volta que já estava feliz pastando, coloquei o arreio, montei e tomei o meu rumo pra casa, tempo chuvoso, não tomei conhecimento no alto dos meus 11 ou 12 anos de idade. Aquele Cavalo inesquecível,
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Parecia saber da sua responsabilidade de levar são e salvo aquele menino para a casa, para minha casa. Quando cheguei em casa o Relógio da Nossa Igreja da Matriz batei 01 HORO, A primeira hora do novo dia que se apresentava. O Cavalo é um animal extraordinário. Disse uma vez para uns Reportes que lhe entrevistavam, que gostava mais do cheiro dos seu Cavalos de que do cheiro de pobres. ''João Batista Figueredo'' Ditador da Republica do Brasil. Estou me sentindo um traidor aqui elogiando Cavalos e esquecido do valor do meu cachorro muito querido, O Franck o meu Cachorro espetáculo, ele era um Pit lindo, de atitude suave ele era muito carinhoso com tudo mundo, até com pessoas estranhas. Ele viveu 13 anos comigo. depois de ser acometido de um Canser mortal, ele foi embora em paz.Me fez uma pessoa melhor na minha vida, muito melhor. Sei que o Franck o espirito dele esta aqui sem arredar us pés de perto de mim, ele é um Santo protetor. Poe causa dele hoje adoro Gatos Cachorros, Macacos, varias especies de insetos, todas as borboletas, as abelhas me inspiram, as formigas também. adoro os Tuiuiús, o Guarás Vermelhos. Pensem se não tivéssemos todos esses animais que citei e os outras milhões... como seria o mundo vazia, cheio de pessoas horrorosas e também boas, menos boas, sem as florestas, sem os Indios!. Faria de novo a mesma coisa que fiz na quele dia, dia que ficou marcado como um dos dias mais importantes da minha vida. De ir no pasto pegar o Cavalo de volta No arriar monta e com o maior sacrifício, pegar a estrada na maior escuridão com o tumor estourado vazando, peguei a estrada e fui embora já anoitecendo, quando peguei a estrada real, principal, o Cavalo tomou uma marcha principal e seguiu naquele mesmo passo até em casa. cheguei em casa acabado mais cheguei, fui dormir na minha velha cama de varas. Nessa noite eu não dormi, precisei explicar pra o meu pai o que estava acontecendo, e sofrer. sofrer muito, acredito que por ter comido um milho cosido, o furunco desando a doer. Sim vim embora montei no Cavalo e rompi serra abaixo.
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O cavalo abaixava a cabeça e implantou um passo viageiro e me trouxe em casa nunca me sentir tão seguro como naquele dia em toda minha vida. Alias a minha vida sempre foi uma festa, uma grande festa, com banda de Musicas rojões e tudo de uma boa festa. Aqui em São Paulo tenho vivido alguns momentos muito bons em festas, quando chegou minha mãe com todos os meu irmãos, quando eu casei, quando nasceu minha primeira filha e os filhos, minhas conquistas minha Arte, meu primeiro Livro publicado, o segundo. Quando aprendi a andar de Bicicleta, quando tirei a carta de motorista, quando comprei o meu primeiro carro. A cada vez que arrumava um novo emprego era um festa, quando recebi o primeiro registro na carteira como Soldador Elétrico isso foi muito grandioso. Uma alegria muito grande quando me formei, quando fiz a colagem de Grau na Universidade. Foi grandioso em um tempo que isso era pra poucos. Principalmente não era pra pessoas da minha categoria, eu já com 45 anos. Ano que me aposentei.
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