Estradas Reais Livro Revista. 195, 196, 197.
Um Metalúrgico bom de fé
Via o Sol nascer por traz das montanhas me emocionava, queria saber de onde ele vinha, queria saber o que tinha atras dos morros, perguntava pra pessoas mais velhas pra os sábios da cidade ninguém tinha a resposta. Ainda estou aqui movido por uma paixão: paixão pelas grandes construções que podemos deixar: Sou movido pelo grandioso. Carlos Drummond de Andrade e a sua obra maravilhosa, Raquel de Queiroz, Mario de Andrade, Mario Quintana, Catulo da Paixão Cearence, Patativa de Asare, João Cabral de Melo Neto, Não temos mais Di Cavalcante, Cândido Portinari, nem Tarsila do Amaral, não temos Jobim e nem Vinicius de Moraes. Vitor Brechere, Mais temos o Chico Buarque, filho e irmão do Dicionário, de Aurelio eu acho. Temos o Caetano, o Gil, a Bethania, temos a Gal. Temos ainda o Lula o maior homem, metalurgico como eu. Vou voltar a falar de um fato acontecido entre eu e dois sócios proprietário da primeira firma que trabalhei, era uma Metalúrgica fabrica de molas de automóvel, eu era muito jovem tinha vinte e três anos eu acho, sofri um grave acidente numa maquina velha deles, quase perdi a mão direita. Fui pra o seguro, no meio do caminho o Brasil foi apanhado por uma Ditadura Militar. Os Militares, as Forças Armadas que nós armamos para defender o Brasil, para nos defender vira as armas contra nós, nos mata em nome da nossa Bandeira. Temos milhões de brasileiros que estão pedindo mais um golpe Militar nas Urna. Eu estava no Seguro de acidente do trabalho quando o golpe militar baixou intervenção federal em todas as companhias de seguro de acidente do trabalho, para nós os assegurado, acidentados foi um golpe em cima do golpe. Seguro fechado quem ia nos pagar? o seguro parou de ter obrigações com agente, pulo pra ali e pra ca, a firma me falou que não tinha nada com isso e eu fiquei descoberto, num gesto de bondade extrema um dos patrões me garantiu os tratamentos médicos e só. Pra receber tive que ir pra o foro, coloquei a firma no pau, quando da primeira audiência, eu já tinha voltado ao trabalho, tive que ser improvisado em outro setor, pois o acidente foi na mão direita.
pg.195.
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Os patrões usou toda a sua maldade contra mim, sofri até carcere privado dentro da empresa, eu não tinha nenhuma orientação lá dentro só ia obedecendo as ordens que vinha de cima. Audiência de conciliação, não ofereceram nada. todos pra casa. No dia seguinte voltei ao trabalho, tive garantido a minha permanência no trabalho e só. Os homens passam por mim trabalhando e me diz que queria conversar depois do expediente: Passe no escritório que queremos conversar com o senhor. Eu pensei: Opa! cinco e meia também conhecido assim: 5:30h entrei quase sem bater por quer educação não era bem o meu forte, aliáz eu não tinha forte nenhum. Eles foram dizendo sem rodeio, então agente lhe dar emprego quando o senhor tinha a sua mãe e irmãos passando fome na Bahia ou no Raio que os parta já que um dos infeliz era Português de Portugal e a paga que recebemos é essaSaiba que se você ganhar aqui recorremos pra o Rio de Janeiro se você ganhar no Rio de Janeiro vamos pra o Supremo em Brasilia quatro pares de olhos em cima de mim eles falando. Um falou com todas as letras: quanto o senhor quer pra amanhã ir lá no Foro retirar a queixa reclamação contra nós? com os olhos me encostando na parede fez um silêncio. Eu tinha uma situação bem ruim mais já tinha melhorado naquele momento eu já estava trabalhando, já estava tendo Salário eu respondi nada, não quero nada! Se eu ganhar maravilha e se eu perder perderei lutando e dei as costas e caminhei para a porta de saída. Como pinhão esse foi o melhor dia da minha vida. Já escrevi três livros com esse e venho contando essa história nos três
Trecho de Sampa. Caetano Veloso.
'' Alguma coisa acontece no meu
Coração sempre que cruza a Ipiranga
Com a avenida São João
É que quando eu passei por ali
Eu nada sabia da fina Poesia
Que ali existia...
Alguma coisa acontece
No meu coração sempre
Que eu cruzo a Ipiranga
Com Av São João''
PG.196.
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Eu na minha metalúrgica ia lembrando de passagens da infância, das travessuras que me rendia belas, e belos coros, digo surras terríveis. Ali na solidão do meu trabalho minucioso de Soldador especializado eu lembrava: Também nasci numa Manjedoura sim onde não faltavam Cavalos, Carneiros, Vacas. Éramos muito pobres, engatinhei pedindo passagem para varias especies de insetos e pequenos animais Galinhas, Patos, e até porcos. Até serpente jararaca foi encontrada caminhando na bordas da rede onde eu dormia. Eu não podia ver um buraco no chão de terra vermelha, que já queria cavar para tirar o tatu de dentro, também podia encontra um cabra lá na escavação. Mais éramos assim , destemido e corajosos, não tínhamos medo de nada. Tinha no meio os medrosos , que ficavam o tempo todo: vamos embora meu! que já esta ficando tarde. Mais a nossa vida era assim cheia de aventuras de tirar o fôlego. Sei lá acho que era isso que gerava homens de verdade. Os preparativos para ir pra o mato: Estilingues balas de pedra, mochila de pedras, pé no chão, um taco de fumo de rolo para deixar pra Caipora ou o Saci Pererê num toco de pau. Eu juro... Eu esquecia de ir pra escola para ir pra o mato casar passarinhos para cantar pra mim. Gurinho, sete cor, Papa capim até canário da terra que andavam em bando. Em São Paulo virei Metalúrgico como o nosso Presidente. afinal eu tenho uma história bem parecida com a dele. como ele vim pra São Paulo com um saco de farinha, como ele tive que cuidar de mãe e irmãos pequenos. como ele fui preso na Ditadura Militar. Pergunto gostaria de perguntar ao General Goberido Couto e Silva se fosse vivo: O EXERCITO E FORÇAS ARMADAS NÃO TEM VERGONHA DE TER DADO TRÊS GOLPES MILITAR NO BRASIL.? Falta de respeito com o povo brasileiro com o Trabalhador brasileiro esse mesmo povo que compra suas armas, que pagam seus salários? que paga salários vitalícios pra suas filhas? Falo General Goberi do Couto e Silva por quer li algo sobre sua vida e detectei alguma coisa de um ser humano nele.
PG. 197.
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