segunda-feira, 4 de julho de 2022

REVISTA Menino Rei. 110, 111, 112.

 O café da minha Infância 

                      Levantava bem cedinho para poder viver mais. Para nos crianças, os dias são bem curtos, as noite ao contrario são bem longas, agente fica loucos para amanhecer logo o dia pra poder gente poder brincar. Eu levantava cedinho acendia o fogo de carvão, as vezes o carvão era muito ruim, as vezes molhado, outras madeira ruim quando  o carvão era feito,  de madeira ruim ou estava molhado ficava ruim de acender  ficava difícil de acender o fogo. Eu xingava mais não tinha jeito, eu sempre tinha presa, muita presa para brincar, ir pra o Rio tomar banho, nadar.
Eu já grandinho fazia o café, eu sempre fui um menino amado, acho que até mais amado do que os outros kkkk O nosso café assim como o de todo mundo naquela época era torrado em casa, cada pessoa tinha o seu sabor de café herdado  dos seus antepassados.
Minha mãe usava caldear oie de torrão que era levado ao pilão FLAVINHO VEM PRA O PILÃO PISAR O CAFÉ!! e lá vinha eu chorando pilar o cafe.
O café era pilado e peneirado até ficar no ponto, meu Deus que sofrimento. tenho saudades desse tempo, desse sofrimento. As brincadeiras  sempre ficava por último, se desse, lembro dessas coisas com muito amor.
lá na rua a vida passando, pessoas nascendo outras morrendo, na roça o cacau sendo colhido por homens e suas crianças que trabalhavam em regime de quase escravidão, sim porque a escravidão neste país nunca se acabou, balela, só mudou a maneira de se castigar o escravo digo o trabalhador.
Animais e  pobres eram tratados com poucas diferenças.
mas lá fora tudo normal o menino filho do pobre não iam a escola porque tinha que ajudar o pai na luta ou a mãe, minha mãe pegava uma trouxa imensa de roupa e ia para o rio lavar levava um ou dois filhos junto.



                                                                                                               PG.110.                                                                                                                                                                -----------------------------------------------------------------------------------------

Estradas Reais Livro Revista 

 

               Enquanto ele lava a roupa os meninos ficavam brincando ou pescando por ali era muito legal, o dia era muito agitado pára as famílias com muitos filhos, nas éramos em sete oito irmãos menores, todos ali na barra da saia da mãe, tinha dois mais velhos do que eu, eu sempre fui o mais usado nos afazeres eu acho.
A nossa cidade era muito pequena, tinha se emancipado recentemente, não tinha muito o que fazer, meu pai era carpinteiro, mas autônomo, só trabalhava quando aparecia algum telhado para ele fazer, e todo ano chegava mais uma boca pra se sustentada kkkk 
 uma vez, ou outra era chamado para trabalhar, fazer alguns telhado de casa, cancela ou até mesmo um curral, fazer uma janela de cedro, resumindo essa história: não tinha nada pre fazer. Fomos ao todo doze filhos.  
mesmo curral. vida muito precária, falta total de informações do mundo lá fora, eu tinha sempre a preocupação que me acompanhava que era o dia da minha mãe torrar o velho e bom cafe caldeado que eu tinha que pisar, passar no pilão.
Saia na rua e la estava o grande pé de Tamboril cheio de passarinhos cantando: Anum, bem te vis, sabiás, muitos urubus, voltava paro o pilão, precisava terminar logo para brincar.
Minha mãe sempre muito braba, eu não podia falhar eu estava sempre devendo, meu pai era meio desligado com agente tudo era minha mãe, agradar, castigar, rezar pra nóis, pedir a Deus, não dava sossego pra Deus, qualquer coisinha ''meu Deus acudi-me '' e tome promessas pra tudo que é  santo, deixava os santos tudo doidos. 
Quando chovia  pra nóis era uma festa sinal de rio cheio, o céu escurecia agente corria para cavar minhocas para ir para o rio pescar, céu de chuva sinal de peixes na mesa, sempre dava certo ir pescar com esse tempo de chuva a água ficava nova, peixes em festa e nóis também.


                                                                                                                                           PG.111.

   ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Estradas Reais Livro Revista. 



A relação da minha mãe era tão próxima com Deus e com os santos do céu, que eu acho que quando eu chegar no céu eu serei reconhecido. os santos do céu vão chamar Deus e vão falar: Deus olha quem chegou! aquele menino cujo a mãe  não dava sossego pra nóis, era promessa, terço e tudo, ele chegou! mande ele entrar! Deus vai querer você aquikkkk.

         

Sabe aquele café torrado em casa, caldeado com açúcar, agente tomava com manteiga e requeijão picado e farinha, era o nosso cafe da manhã, lá em casa não faltava manteiga e nem requeijão, meu pai O Sr carneiro gordo como era conhecido na cidade nunca regulou, ele tinha barraca de requeijão e manteiga, e carne de carneiro na feira, era o meio de vida dele, deixou a profissão de carpinteiro e foi ser comerciante. Muito bons tempos aqueles, muita infância, muito riso muita liberdade a cidade de Coaraci era minha, é ainda ...
 café. coisa que nunca mais eu vi e nem tomei mais aquele café que nem lembro mais se era bom ou não, o fato é que o café era torrado, num determinado momento da torragem era colocado uma quota de açúcar que era caldeado junto com o café até formar uma especie de rapadura que era levado ao pilão, pilado e peneirado ate ficar bem fino o pó.










                                                                                                                                       PG.112.
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