sábado, 30 de julho de 2022


 

Foi com muita surpresa, honra e alegria que recebi o convite do meu amigo, Euflávio “Azambuja”, para prefaciar seu livro “Revista, Menino Rei” e falar um pouco da história dele. O Azambuja é de Coaraci, um minúsculo município de no máximo uns 30 mil habitantes, no sul da Bahia, próximo a Ilhéus, e como todo bom baiano, traz em seu DNA a veia artística. Foi com muita alegria que encontrei essa figura ímpar, de um talento excepcional, uma sensibilidade que sai pelos poros. Ele como ninguém, sabe dar vazão à sua arte escrevendo poesias, ou entalhando suas madeiras, ou ainda, pintando seus quadros. Trabalhamos juntos, numa multinacional italiana, BADONI ATB INDÚSTRIA METALMECÂNICA S/A que funcionava em Ermelino Matarazzo, zona leste de SP, era do segmento de mecânica pesada, montagem e caldeiraria, que atendia grandes obras especialmente do governo federal, tais como Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira, Usina Hidrelétrica Binacional Brasil, Paraguai, em Itaipu, SABESP, Fiat de Betim, Metrô de SP, enfim, só coisa grande. Ali me empreguei no dia 11/11/1974, onde trabalhei até 30/04/1978. Foi ali que conheci um soldador, chamado Euflávio, mais conhecido por Azambuja, pois nesta empresa, os funcionários eram admitidos, e ao entrar na seção em seu primeiro dia de trabalho, ganhava logo um apelido, e ficava com ele até sua saída, era comum, quase ninguém saber o verdadeiro nome daquela pessoa que trabalhava lado a lado, anos a fio, fato que muitas vezes, gerava dores de cabeça para o dono do apelido, pois naquele tempo, só quem tinha um telefone em casa, eram pessoas de situação muito boa, o que não era nosso caso, nem dos colegas de trabalho. As vezes um filho ficava doente, e como a empresa era grande, não nos chamavam para atender telefone, ou dar recados. Então a esposa ia pessoalmente na portaria na hora do almoço, procurar o marido, e virava um problemão, pois ninguém sabia o nome de ninguém. Se a esposa por acaso soubesse do apelido do marido, localizava rapidinho, mas sem essa informação, só o departamento pessoas, podia socorre la.

 

                                                                                                                                        PG.18.

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Menino Rei 

Continuação do Prefácio.  

Sai da Badoni, em 1978 – perdi completamente o contato com o Azambuja, e por incrível e feliz coincidência, fui reencontra lo no dia 10/11/2019, 31 anos depois – num sarau, na Casa Amarela em S. Miguel Paulista, em homenagem a um outro artista amigo nosso, chamado Raberuan, cujo nome de batismo era Sebastião Roberto das Silva, falecido em 18/11/2011 aos 58 anos de idade. Raberuan, era ajustador mecânico, eu torneiro mecânico, seu apelido era Nenê, trouxe de casa, das ruas de infância, morava na Rua 2, no Jardim Belém em Ermelino Matarazzo. Falando um pouco mais do Azambuja O Azambuja era um personagem bigodudo do humorista Chico Anysio, criado lá nos anos 1970, era um malandro, dotado de cara de pau e lábia incomparáveis, o malandro Azambuja, vivido por Chico Anysio, era capaz de passar a perna na própria mãe para se dar bem. Obviamente não era nada parecido com o nosso Euflávio, que de Azambuja, só tinha os vastos bigodes e um jeito falante e curioso, porém, uma pessoa pra lá de honesta, íntegra e de caráter e muito trabalhador.Esse nosso reencontro no Sarau da Casa Amarela, aconteceu na hora do meu depoimento, ao microfone, onde falei do Raberuan, do tempo em que trabalhamos juntos na Badoni, assim que terminei, Azambuja me abordou e fez a clássica pergunta: “Em que setor da Badoni, você trabalhava?” – Respondi, na mecânica de manutenção. Ele perguntou, eu trabalhei lá durante 15 anos, era soldador. Óbvio que perguntei: “Qual era seu apelido? ” – ele me respondeu: “Azambuja”....demos muitas risadas, nos abraçamos, relembramos muitas histórias do passado. Eu, não o reconheceria em lugar nenhum, estava muito mudado de fisionomia, já não usava mais os vastos bigodes e os cabelos completamente brancos. O Azambuja artista Fiquei muito feliz e surpreso, ao me deparar um companheiro que o deixei a 31 anos atrás, soldador, e encontrei um exímio artista plástico com suas esculturas belíssimas em madeira, e seus escritos poéticos, vindos do coração, de maneira pura e simples, como água saindo da fonte.

                                                                                                                                         PG.19. 

           --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Menino Rei Livro Revista.

continuação do Prefacio. 

Fiquei super honrado com o convite para prefaciar seu livro, coisa que nunca imaginei fazer, uma vez que assim como Azambuja, também venho da simplicidade da família nordestina, cujo letramento intelectual, não é tão grande a ponto de assumir tamanha tarefa. Curtam esse livro, “Revista Menino Rei”, retrata com clareza a vida desse homem simples e talentoso, que fala da criação artística de uma pessoa cuja grandiosidade de sua obra está justamente na simplicidade pela qual, ele se expressa, na escrita, pintura e na escultura, sempre como a pureza da água que jorra da fonte. Boa leitura Paulo Azevedo Cavalcante 65 anos, filho de pernambucanos, aposentado, torcedor do XV de Piracicaba e morador na zona leste de SP.








 

São Paulo, 18 de janeiro de 2021


PG.20.
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Nenhum comentário:

Postar um comentário