sábado, 30 de julho de 2022

Estradas Reais.235, 236, 237,238, 239.

Livro Revista.


Caminhada:


            A caminhada do trabalhador no Brasil não é coisa fácil, nunca foi. Muitos trabalharam em regime de escravidão em troca do arroz e feijão, muitos a maioria, nunca alcançarão a aposentadoria, muitos patrões que não recolhiam a cota do INSS, do FGTS.  muitos mesmo. Por trabalharem em lugares impróprios, por trabalharem sem as devidas proteções, muitos  morriam antes, das chamadas doenças do trabalho que são muitas, como no mato morem sem saberem as causas, as causas são encobertas por laudos forjados, por causa das indenizações.   Os que alcançam a aposentadoria aos 30, 35 anos de trabalho chegam tão debilitados que da até pena, e é natural morrerem um ano, dois anos depois de aposentados. Esses homens são heróis anônimos que, que na maioria vieram do nordeste para trabalhar por aqui, muitos não conseguiram nem voltar mais na sua terra querida, a que lhe viu nascer. Esse que está  falando  foi  um bem sucedido trabalhador nordestino, correto por onde passou, apesar de ser quase analfabeto, foi um Soldador Elétrico, conseguiu dentro da empresa essa profissão, passou por três Empresa no decorrer desses 30 anos. Conquistou um ótimo salário, conquistou com suas forças. Quando se aposentou levou o maior susto da sua vida, o salário foi reduzido mais de dês vezes. Esse moço não entrou em pânico. Com 45 anos de idade, três  filhos todos pequenos, não tive outro jeito, ficar e lutar, lutar e ficar. Como esse país e injusto com os seus trabalhadores. Foi muita humilhação, precisou tirar os filhos da escola particular, não teve como voltar para empresa, por que saiu brigado com a firma. Precisou  dar altos pulos, precisou. Prestou  vários concurso publico, concurso  na Guarda civil, prestei  vários outros concursos, por fim prestei  concurso  na Fundação do Bem Estar do Menor e lá trabalhei por longos  10 anos. Acho que você que esta lendo esse livro, já deve ter percebido que estou falando de mim. Sim de mim mesmo. Trabalhai 10 anos enfrentei vários problemas que só quem trabalhou lá sabe, estou aqui falando de mim. O meu projeto era trabalhar mais dez anos, quando deu os dez anos eu pedir demissão e fui pra casa. Graças a Deus mais uma vez sai em leso.



                                                                                                                                               pg.235.

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          Sai saudável. Fiz muitos amigos e amigas por lá. Cheguei a Perambular  por mais dez anos por São Paulo Capital, para ver se aprendia a amo-lo, frequentei Saraus agora como Poeta Escritor. Para falar a verdade nunca comi o pão que o Diabo amassou, não fui nem muito feliz e nem muito infeliz, procurei amarrar o burro aonde o dono mandava, e assim seguia, sempre tive soluções para os meus problemas. Só quando se tratou do Estado e Eu que eu fui pra justiça e ganhei. Hoje com os meus 77 anos já tenho o que vim buscar. Sou admirado por meus filhos e irmãos. Um dia o meu irmão mais velho me disse bem olhando dentro. dos meus olhos: Meu irmão você é um cabra retado. Esse meu irmão nunca se acostumou em São Paulo e nem eu. Mesmo assim fomos vivendo um dia após o outro, movido por um Salário, fui vivendo com paixão pela vida. No tempo das grandes paixões fui visitar Coaraci, lá encontrei a minha primeira Professora, que ficamos encantados, eu e ela, conversamos muito sobre minha vida aqui nessa cidade gigantesca, num dado momento ela dona Carme Dias, dos Dias, da família Dias, me perguntou: Euflavio você estudou, ou esta estudando? eu lhe falei meio acabrunhado não professora, lá não temos tempo para estudar eu disse. Assim um estante me lembrei daquela moça vestida com roupas de homem,  e todo mundo parando pra olhar. Quando voltei lá as coisas já tinham mudado, as musicas já eram outras. Isso a uns vinte anos atras, será que não era parente da professora? mais professora estava esperando a resposta. Estava eu, eu estava ainda montando uma boa resposta pensei e me enrolei, e ficou o dito por não dito. Voltei pra casa e só depois mais de vinte anos eu voltei num novo passeio lá, e fiz questão de ir na casa da professora vinte anos mais velha para dizer que tinha estudado e me formado em. Comercio Exterior.  Não lembro o que ela me falou, não lembro o que ela disse na quele ano de 1973.  ano que o Presidente do Chile foi assassinado pelo comando do General Pinoche que implantou uma Ditadura Sanguinária, assim como a nossa e a da Argentina. Já a do Peru teve que enfrentar os Tupamaros Grupo Guerrilheiros.


                                                                                                                                             pg.236.

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       Mais ainda aquela pergunta não me saia da mente: Euflavio você estudou? ou esta estudando? eu disse não.   Ficou cravada. Me atormentando. Voltei do meu passeio pra São Paulo esperei um pouco, acho que uns dez anos  e voltei pra escola, para o supletivos entrei na Faculdade e me formei. A pergunta não saiu  e esta ate hoje em mim.  Eu falei pra o Quinda sobre a mulher de roupa de homem ele quase não acreditou e me falou: como ela era, era bonita, eu falei que parecia Artista de cinema. A causa  da moça era preta sem braguilha, esse detalhe eu olhei muito bem. O Quinda arregalou os olhos, e me disse: Mais rapaz!  e eu não vi... onde será que eu estava? será que estava na roça? com certeza! e como era ela? era bonita? eu falei era linda de mais.  Lembrava com muita saudade das tropas de burros e mulas que circulava nas ruas próximas aos Armazéns de compradores e  Exportadores de Cacau. Em São Paulo ha mais de vinte anos não esquecia da minha terra, das figuras carimbadas que faziam a vida da quela cidade ser menos dura. Não esquecia as paisagens, o verde que cercava a cidade e ainda cerca, com fazenda de cacau, com cerca de fazendas dividindo sua casa no quintal, com pássaros de toda especies lhe acordando todos os dias. de canário a beija-flores. Como eu pude trocar tudo aquilo por um salário mínimo. Vinte anos e eu não esquecia. Ali eu era um Rei e meu cavalo não falava inglês. Mais eu com o sangue de aventureiro correndo nas veias como ia ficar lá, de que eu ia viver, era bruto, não amava a escola, tinha sido expulso da infância ainda pequeno, meu pai me chamava para ajuda-lo a matar os carneirinhos, e pra mim aquela vida se tornara normal, hoje sou consumido pelo remorço, sou. Meu pai ia se acidentando de morte na minha frente um dia. Matando um porco, o porco deu-lhe um solavanco, a faca do tipo peixeira foi arremessa em direção a sua garganta, a garganta do meu pai e lhe furou a queixada, mais sem consequências. A vida continuou normal dali pra frente.  Num dado momento já depois dos sessenta e cinco virei artista, Poeta Escultor, como uma mágica, no começo resistir, ficava acanhado quando me chamavam de Artista.


                                                                                                                                         pg.237.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Estradas Reais. 



             Depois fui me acostumando e hoje já me sinto Artista,  só que as fabricas por onde eu passei estavam sempre presente nas minhas conversas, nas minhas Poesias. Como eu poderia tirar aquela fabrica de molas de caminhão das minhas lembranças? se foi lá que eu aprendi ser eu, que ganhei uma personalidade autentica, uma personalidade verdadeira e forte.  Foi lá que eu encarei de igual dois homens, os dois donos da industria de molas, dois Tubarões, eu disse não para eles olhando nos seus olhos. Aquilo. senhor foi lindo! Sempre ouvi desde muito pequeno ouvindo primeiro minha mãe que trabalhava numa Fabrica de tecido, só falava de trabalho, de tecelagem, das amigas da fabrica, falava em Doutor Pedro, em seu Constâncio o Diretor da fabrica, ela amava a fabrica de tecido. Minha mãe até há pouco tempo atrás ela falava nas amigas da fabrica. O meu cavalo era o Rei das Estradas Reais, eu amava os calçamentos, as construções, as Capelas ao longo da estrados


                                                             ''  INFANCIA  MENINO''


                                                            Fui expulso da infância com

                                                            Dez anos de idade eh.

                                                            Pra não comprometer os 

                                                            Outros dez fui ajudar meu pai

                                                            Gritei chorei com um cão

                                                            Tive que ser forte um bruto.


                                                                                                                                          PG.238.

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Estradas Reais.  Revista.

                                                               


                                                            No mundo dei murro em ponta 

                                                            De faca malhei em ferro frio

                                                            Corri contra o vento forte

                                                            Não abaixei a cabeça bis neto 

                                                            De explorador um ser sem herança

                                                            Mais com muita esperança sigo...


                                                            Acendemos os fornos dos Engenhos

                                                            De açúcar tomamos o chá amargo

                                                            Nunca tivemos patrões tivemos 

                                                            Amos, Senhores

                                                            Pra quem um Brasil tão grande?

                                                            Me responda quem souber.


                                                            Meu pai e minha mãe analfabetos

                                                            Não disseram quem foi seu pais 

                                                            Por tanto não sei quem sou

                                                            Que Cruz pesada a carregar

                                                            E os poderes da Republica!

                                                            E a Justiça dormindo em berços 

                                                            Esplendoroso em Suites de cristal

                                                            E de marmore Carrara seguem 

                                                            Cega surda e muda Credo!!!


                                                                           Fim.



                                                                                                                                         .PG.239.

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