sexta-feira, 19 de março de 2021




REVISTA Menino Rei. 169, 170, 171.

Eu gostei tanto,
tanto quando me contaram.
Que lhe encontraram bebendo
e jogando na mesa de um bar.

E que quando os amigos do peito
por ti perguntaram, um soluço
cortou minha voz, não me deixou falar...


                  Quando pequenos os meninos da minha época eram agradados com bichinhos que os pais lhe davam: Pintinho. gatinho, cachorrinho, tartarugas são bichinhos que os pais devem entregar a responsabilidade para as crianças, é muito saudável eu acho.
Não tinha a televisão para atrapalhar, não as falsas leis de proteção das famílias. as crianças cresciam com o que tinham em família, com os excessos  de amor, ou de indiferença, Não tenho nada para reclamar. Os pais geralmente analfabetos não tinha muito que saber como criar os seus filhos, os criavam como tinham sido criados e pronto. Criavam por extinto. Bora!
Em 1949 foi quando começou tudo, a viagem para Bahia, uma verdadeira aventura para o diferente, o desconhecido, eu era muito pequeno, tinha acabado de perder três irmãs, morreram de sarampo na véspera da viagem, minha mãe estava sofrendo muito a perda, teve também que trocar o certo em troca do incerto, para seguir os passos do marido meu pai, que não ligava muito pra nos.
Minha mãe tinha um bom emprego numa fabrica de tecido, largou tudo, emprego, familiares, colegas de serviço e amigos de infância, adeus tudo!




                                                                                                                                                PG.169.

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REVISTA Menino Rei.

                 Coaraci não era ainda uma cidade, pertencia a Ilhéus, era Ilhéus, chovia muito por lá, uma população mista, muitas pessoas que vieram de longe, muita gente de Santo Antonio de Jesus, Santo Amaro da Purificação e de outros lugares, a população coaraciense era muito pequena e jovens ainda.
Os filhos dos pioneiros estavam crescendo naquela terra  desbravadas, com suas matas abertas para o plantio do cacau,  chovia muito, mata Atlântica pura, madeira de primeira a ser derrubadas, muito jacarandá foram abaixo,  precisava preparar as primeiras mudas de cacau,
A lei era a do facão Corneta. Aqueles homens vindo do Sertão, de onde vieram corridos dos rigores da Republica recém implantado e dos Cangaços diversos e suas crueldades em busca da riqueza, de  justiça.  Com uma roupa no corpo enfrentaram dias e dias nas estradas de tropeiros, muitos vieram de carona, pra aquelas terras  abriram picadas nas matas ricas do Sul da Bahia, conheci alguns. desses sertanejos que até então  nunca tinham visto tanta chuva, meu pai foi um desses. Embrenhou-se nas matas do sul ainda rapazinho, aprendeu a profissão de carpinteiro, foi agregado dos tios que tinham chegado antes e abandonou o seu sobre nome de ''Macedo Lima'' pelo Oliveira Lima do Tio Américo. Isso ele falava pra gente quando estava de bom humor, o fato é que deixamos de ser Sergipanos para adotarmos como sendo a nossa terra a boa e querida Bahia, me desculpe Sergipe. Nunca mais voltei lá para ver como é, tenho os parentes ainda por lá.
Chegamos na Bahia no começo de 1949 para mim o amor a primeira vista, me apaixonei logo de cara pelo Rio Almada, esse rio levaria o meu bico, aquele que agente chupa quando criança, me tirou a inocência, quando eu percebi que já estava grandinho para tomar banho nu, levou alguns pingos de lagrima para o mar, ou ''Lagoa Encantada'' Ilhéus. lavou muitas vezes a minha alma, saboreei muitas vezes os seus peixinhos fritos fazia  muita diferença nas nossas vidas.

                                                                                                                                               PG.170.

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REVISTA Menino Rei.


Briguei muito ao ver-lo quase morto da ultima vez que estive lá em Coaraci. foi o que eu vi. Oh rio Almada eterno serás. Farei de tudo para voltar sempre naqueles lugares, a onde eu tive os melhores momentos da minha infância inquieta. Eu ia gostar de enterrar o meu coração ali.
Aos sábado a feira fervilhava, era a festa semanal, vinham gente de toda parte, também era o nosso local de trabalho, vinham cantadores de repente, repentistas, vinham com a família cantar e encantar pedindo esmola,  na verdade eram cantadores do Sertão, chorando eu vou ver mamãe eu vou ver... Sol quente na cabeça, barriga querendo comer. Boca seca, boca amarga . Vou beber agua para ver se a fome passa, ver se ele vai embora, procurar outro lugar.
               Como disse o Caetano Veloso de perto ninguém é perfeito. Eu sempre tive as  minhas impurezas,
          imperfeições sempre ressaltadas, eu era briguento, errava mais do que acertava, curioso,                     astuto.  Sempre procurei ser respeitado pelos moleques da minha época e era.













                                                                                                                                            PG.171.
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