terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O Meu Pé de Mulungú.


No caminho do ouro depois de viajar por mais de seis horas a pé, agente chegava em fim ao  pé de Mulungu, que ficava em cima da serra, da Serra Pelada, de onde tínhamos  uma vista magnífica, ali agente descansava  uns quinze minutos e seguía   viagem para o nosso destino semanal, que era o ouro para  compra, requeijão e manteiga para fazer a feira de sábado. Fico muito triste só em pensar que aquele pé de mulungu pode ter sido cortado para virá bonecos de Mamulengo, sim porque o Mulungu   é a matéria prima para fazer as cabeças dos bonecos de Mamulengo. Esse pé de mulungu também esteve muito presente na minha infância, como era bom chegar naquele ponto da viagem, sentar na raiz dele, expostas, quase eterna ali, meu pai também estava ali, os animais pareciam felizes comiam o seu delicioso capim braquiara ou colonhão que tinha em abundância. Acredito que aquele cenário ainda é o mesmo, talvez sem o meu pé de mulungu sim por quer menino é assim tudo que é grandioso e bonito é dele. Ouro Preto, Paquinha e Boneca pareciam muito felizes quando chegava ali naquele mulungu, tanto na ida como na volta, na ida porque tinha uma serra pra descer, o esforço é menor, na volta porque tinha acabado de subir a serra pelada, e tinha um caminho mais suave pra fazer. De qualquer formas esse três animais fizeram muito ,parte da minha vida e eu agradeço a Deus por isso, sempre tive animais maravilhosos fazendo parte da minha vida, hoje é o meu Frank querido, muito querido, mais tive cabrito, porquinhos, até uma jeguinha. É muito saudável crianças ter animais, qualquer animal. Naquela época agente aprendia a não ter medo de nada, e agente não tinha medo de nada nada para  Quando agente chegava em São Paulo enfrentava tudo,  todo tipo de trabalho, agente era testado. Voltando ao pé de mulungu eu vejo o quanto tipos e  personagem podem sair dali daquela madeira, porque lá pra os lados de Pernambuco essa madeira é verdadeira raridade e preciosidade, nas mãos dos bonequeiros, que são mestre, na confecção de bonecos mamulengos, por isso que eu temo que o meu pé de mulungu não esteja mais de pé, por sua madeira muito macia boa de modelar estando seca, tenho alguns pedaços aqui comigo, ganhado do mestre Valdeck de Garanhuns. Mais fiz uma oficina de construções de bonecos com o mestre Saúba de Olinda quando aprendi a fazer esses bonecos. Tó me preparando para ir na Bahia e pretendo rever todos esses lugares mágicos que povoaram minha vida de garoto. As vezes quando estou escrevendo tenho a impressão e até me pergunto: será que estou perto de morrer? por quer são tantas as lembranças que vem em mim coisas tão importantes, como eu levantando cedo para acender o fogo de carvão, eu cortando madeirinhas para acender o fogão de carvão isso está muito distante, ou preparando a galinha pra minha mãe quando teve Ana Maria, e ela mamãe achando o pirão delicioso ou ainda eu esperando que ela me desse  alguma  sobrinha da comida dela , que delicia, se eu estiver perto de morrer quero que esses meus textos  fiquem em boas mãos. Nessa mesma época me apareceu uns primos de meu pai que morava em Itabunas, ficaram pra almoçar e chegaram com as mãos cheia de gazoza, era o nome que se dava aos refrigerantes daquela época coisa que agente nunca tinha visto, que coisa gostosa uma delicia. Mais lembrei de um pé de laranja, uma vez eu tinha ganhado uma laranja de umbigo dum menino conhecido, que tinha trazido da roça do seu pai  descasquei a laranja, e quando estava chupando aquela laranja com o maior gosto, achei um caroço, que admiração!!! laranja de umbigo não tem caroço e aquela tinha? depois de mostra o caroço pra todo mundo, plantei num lugar perto da cisterna, ai nasceu um lindo pé de laranja, era meu pé de laranjeira. Meu pé de laranja de umbigo...Muito tempo meu pai vendeu a casa  com meu pé de laranjeira. Mais a vida  ia passando com o tempo, a gente ia crescendo junto com a vontade de voar pra longe, atraz de ganhar dinheiro, de trabalhar, e enrriquecer, enricar...

Texto de Euflavio Gois.                             ''  Quero prestar uma homenagem, dedicando esses textos a o
                                                                    Grande Darci Ribeiro. Darci Ribeiro! meus textos não vão ser
                                                                    revisados, porque não quero tirá deles o meu eu. Euflavio.''


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