sábado, 5 de janeiro de 2013

''O Velho Jequitibar Rei''

Os anos Setenta apenas se arrastavam, eu tinha perdido meu pai, mais tinha ganhado uma nova profissão na vida, essa profissão ia reger o resto da minha vida, se é que vida tem resto. Mais vamos lá. Eu estava trabalhando  numa multi nacional Italiana trabalhava na construção de componentes de mecânica pesada para grandes obras que estava sendo construída pelo Brasil. Estávamos fazendo entre outras coisas as prensas da Fiat do Brasil, era 1975 eu era Soldador Elétrico, em 1973 voltei na Bahia onde eu tinha vivido os melhores anos da minha vida. Coaraci a cidade da minha vida. Comparo a Paris, a Londres, Budapeste, Milão, Mdri e Atenas... Por quer foi lá que eu ganhei o eu que eu sou, é, comparo com essas cidades  sim   acreditem. As vezes fico pensando: vivo aqui em São Paulo há mais de 45 anos, nunca aprendi a amar São Paulo, sempre estive envolvido com muita luta, aqui sepultei meu pai, sepultei minha mãe, e desceputei digo desenterrei os dois, coisa que para mim foi muito doloroso. Eu falava sempre quando me aposentar eu volto, me aposentei e estou aqui sofrendo. As coisas não são como agente sonha ou quer, existe uma lei nas coisas, uma ordem sei lá o que. O fato é que faz vinte e três anos que estou aposentado e aqui. Nunca esqueci as coisas de de lá, na Fazenda do Padre tinha um Jequitibá de mais de dois mil anos, toda vez que eu passava em baixo dele eu tinha que olhar pra cima, pra ver sua altura imensa, olhava varias vezes pra traz para vê-lo se destacar das outras arvores, toda vez que meu irmão vinha aqui eu lhe perguntava, e o Jequitibá? ele respondia tá lá, até que um dia. eu cuidadoso com o que eu considero meu, lhe perguntei: e o Jequitibá? ele me falou, Dominguinhos Serrou. quase eu desabei. Vocês sabe como é tudo que é bonito grande, menino diz que é dele eu era assim, como todos os meninos, pois é Dominguinhos que era o dono da Fazenda naquela época, por tanto o dono das arvores derrubou o Velho Jequitibá Rei. Nunca mais vi outro parecido, mais lá tinha dois que se destacavam no meio da mata de Cacau, ele derrubou os dois, mais também já morreu. Os dois marcaram minha infância tão rica e tão atenta, Os Jequitibá por serem tão gigantescos e lindos no meio daquele cenário tão espetacular, bem perto de um Ribeirão, onde agente atravessava sempre, estava lá provavelmente há mais de mil anos, até que o famigerado Dominguinho mandou serrar deve está lá o toco daquele gigante, quando eu for lá vou ter que ir lá pra ver o que restou, acredito que está lá o toco daquela arvore formidável. Sim ela me emocionou. O Sr. Dominguinho ou simplesmente Domingos que já era um homem velho quando fez essa proeza morreu pobre. Eu estou escrevendo sobre essa Arvore é por quer tenho a sua imagem arquivada no meu coração de Poeta, muita gente assim como eu desfrutou de sua beleza, de sua majestosa sombra. Também está nas minhas lembranças um pé de catolé ou babaçu que tinha lá no alto da veia Maria, era um grande pé de coco de catole onde agente vivia apanhando os cocos do chão, e quebrando pra comer suas bagas, como agente chamava as amêndoas. A nossa vida quando não estávamos ajudando os pais, era pelos matos descobrindo coisas, com ninho de passarinhos, mel de abelha, novas frutas grutas, e arvores como O nosso velho Jequitibá Rei pescando, toquiando camarão e Pitu. Ali a vida não parecia passageira, era como um longa metragem, onde todos nos tínhamos os papeis muito bem decorados, todos sabiam nadar, subir e descer morros subir em arvores montar, e sofrer sorrindo. Tinha meu amigo Quinda que era igual o  Tonto o amigo do Zorro, nas ruas e matas da Bahia éramos uma espécies de Robin Wood brasileiro. Eu e o Quinda solto nas ruas e nos matos e matas de cacau, nos rios e lagoas, era dar vontade e fazia, uma vez nos estava roubando tangerina numa fazenda dentro da cidade, quando chegou o capataz da fazenda, fazendo um panavueiro tão grande que nos descemos do pé de tangerina na velocidade do som saímos correndo cada um pra um lado que nem um trem bala, eu fui Pará na beira do Rio Almada ia ainda não sabia nadar nesse tempo foi uma loucura, só que o homem não tinha corrido atrai de mim, e sim do Quinda, pegou ele e prendeu num galinheiro, ele ficou umas duas horas preso, mais depois o homem soltou  mais antes fez ele varrer o terreiro de café da fazenda. Mais tarde agente se encontrava pra dizer o que aconteceu, cada um contava suas vantagens, mais. Mais a vida ia passando a mil, vinha uma quinta atras da outra a ida pra o ouro esta chegando, e logo eu estava passando embaixo do meu pé de Jequitibá, aquele gigante sonolento, quase imóvel ali, só o vento tinha o poder de lhe mover. A Mangueira era sua morada, O Dominguinho era seu dono, seus dias estavam contados, ele ia tombar só o Dominguinho sabia disso, e tombou, um dia meu irmão chegou aqui em São Paulo, veio passar uns dias, e eu como fazia sempre que ele vinha, lhe perguntei: e o Jequitibá? e o Jequitibaaaaa?????? Ele me respondeu sem emoção. O Dominguinho serrou. Juro que levei um grande susto. Que pena! o Ben-Te-Vi não cantará mais em sua copa, Mais de mil anos de vida jogado por terra. Dominguinho morreu pobre, mais pobre do que nunca...


Texto de Euflavio Gois.






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