sexta-feira, 5 de agosto de 2022

REVISTA Menino Rei.55,56,57,58.

Cabra Retado.



 

                   Sempre estive perto da minha mãe, nas alegrias e principalmente nas tristeza: Era assim 
favinho faça isso, favinho você já fez o que eu mandei? era assim, o tempo ia passando eu ia crescendo as responsabilidades ali junto, ia pra o rio com ela lavar roupas, lavar fato de carneiro. para mim parecia que só tinha eu, mais era assim, eu fazia tudo sorrindo, não lembro de ser um reclamão, com meu pai a mesma coisa, ele matava carneiro e eu era o seu ajudante em tudo, o meu irmão mais velho que Deus o tenha reclamava, de tudo que ia fazer retado.
Em 1961 eu vim pra São Paulo sozinho com 18 anos, aqui eu tinha promessa de trabalho, mais só promessa num sabe? Vim assim mesmo espirito aventureiro, deu 18 anos não esperei nem um mês e já estava na estrado. Minha mãe ficou, só viria um ano depois. Veio com os meninos mais novos,  o mais velho, o mais velho só veio trazer ela e voltou em seguida, aqui estava eu e meu pai que já era separado da minha mãe, chegaram aqui em 1962 não lembro o mês, ai eu já estava trabalhando, ganhando o salário mínimo que na época era bom, sim era bom não lembro quanto equivalia se trazido par os dias de hoje, só sei que dava pra pagar um aluguel e fazer mais algumas compras, só eu tinha idade de trabalhar formalmente, tinha um irmão e duas irmãs, tinha três irmãos homens também um grandinho e dois pequenos. Ana Maria que estava ficando mocinha foi trabalhar em casa de família, os patrões também pobres, só que estabelecidos a Eulina também, era só pra diminuir as bocas, o Evilásio também era danadinho também arrumou um jeitinho de sé encostar em alguém em troca da comida. Só restava eu, minha mãe e os dois pequenos fomos se virando como dava, meu pai ajudava um pouquinho, também, mesmo com a ajuda dele a vida não estava fácil, eu e minha mãe se virava como podia, minha mãe encontrou umas amigas, iam uma vez por semana no    Mercadão do Parque D Pedro  buscar o que lhes davam por lá, restos de feijão e peixe, e nessa
vida fomos nos acostumando no Itaim Paulista. E nessa vida vivemos por mais de 10 anos, eu trabalhava, até a vida melhorar, o Evilázio cresceu começou a trabalhar por conta própria. Eu mudei duas vezes de emprego.




                                                                                                                                                 pg.55.

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Estradas Reais. 



              Conquistei uma boa profissão, as meninas cresceram e foram trabalhar, eram muita gente trabalhando. Meu pai há muito tinha abandonado o barco.
Eu achava tudo aquilo uma delicia, eu apesar de tantas dificuldades nunca mais paguei aluguel.   Demos um jeito, reunimos uns moradores, fizemos uma vaquinha para pegar luz emprestada, mais não tem nada tão ruim que não possa piora, eu sofri um acidente de trabalho quase perdia mão direita junto com o braço.  Eu fiquei sem saber o que fazer,  com a mão machucada, uma ferida na carne viva, tinha que fazer curativo no Hospital no centro de Guarulhos, muitas vezes não tinha dinheiro pra pagar condução. Passou um mês, dois  a mão começou a melhorar, logo eu voltaria a trabalhar, para mim o trabalho era uma especie de diversão. Morando ''na nossa casa'' casa essa que se não fosse eu com meu espirito de aventura, não tinha conseguido. Hoje tenho dois irmãos alojados lá sem se incomodar com os outros herdeiros,  que de velhos já começam morrer. Ninguém veio aqui pra ficar, nem eles.      Foi nessa casinha de tijolos vermelhos que meu pai me deu naquele dia tão distante, e difícil.
Nesse chove e não molha, meu pai me contou meio vacilante, que tinha comprado um terreno, num lugar muito remoto que chovia quase todos os dias.
O lugar se chamado Itaim Paulista, alivio. Me disse ele bem assim: ''Flavinho eu comprei um terreno estou construindo dois cômodos, já estar coberta, só falta colocar um piso e as portas e janelas pra vocês  entrar pra dentro. Arrumei um pouco de dinheiro na empresa que trabalhava para comprar as portas e colocar o piso, chamei meu primo em três domingos já tínhamos feito o serviço e logo mudamos pra nossa casinha. Com o tempo e a volta dos irmão que foram distribuídos, tive que aumentar o tamanho da casa, plantamos frutas no quintal minha mãe buscou varinhas no mato que tinha perto de casa e cercou o terreno que era lindo um 10x25. Um terreno de esquina muito bem localizado, com uma vista imprecionante 
 janelas  já está coberto de telha você quer ir com sua mãe e os meninos pra lá? já marcamos o dia de ver a casinha com ele.



                                                                                                                                           pg.56

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Estradas Reais.



            Ai fui com ele, fiquei encantado com aquela possibilidade de não pagar mais aluguem, era um lugar alto, sem nenhuma possibilidade de enchentes. Lugar totalmente desabitado, pouquíssimos moradores, eu iria me tornar um Pioneiro naquele lugar que morei até 2015. Quero dizer que chegue no jardim dos Ipês em Setembro de 1965 e fiquei até outubro de 2015. Cheguei em um bairro sem nenhuma estrutura e deixei totalmente urbanizado, lutando junto com dona Donata minha valente mãe de cabeça muito quente, não  ficava quieta um segundo sempre foi assim, corria, corria pra cá e pra lá. Mais não gostou do lugar por quer não tinha luz  elétrica, acostumada que estava em ouvir o seu raidinho, suas novelas de radio. Naquele tempo o radio dominava, muitos de nós tinha radiola, toca disco.
Vou relembra uma das maiores façanha feita por minha mãe: Ainda lá na Bahia o meu irmão mais velho amanheceu um dia gritando de dor como um louco. Foram chamado todos os benzedores do lugar, feito tudo que era de reza e simpatias para curar a dor desse meu irmão que se chamava Reginaldo e que é falecido hoje. Mamãe amarrou  um pano na cabeça  como ela fazia sempre que ia sair e saiu como louca buscar o Dr Edelblando  na casa dele na Rua Vasco da Gama se não me engano, e trouxe ate em casa. O dr era uma pessoa tão do bem que não precisava muita coisa para tira-lo de casa numa emergência, o dr pegou sua pasta medica ou maleta onde é guardado os equipamentos médicos e correra lá para casa sem carro com um dos braços meio que balançando sem muito controle, era uma meia que paralisia não sei, eu não o vi mais depois que vim pra cá, espero ver-lo ainda, mesmo sem carro, naquela época carro era coisa só de rico. Edelbrando, não tinha carro também, era pobre, quase com nós. 
Chegando em casa o meu irmão estava gritando de dor o Dr. o examinou e falou pra minha mãe mande os meninos ir brincar na rua e esquente uma água, arrume uns panos limpos. o menino esta com um tumor interno grudado no osso da cocha, fêmo vamos rasgar a perna dele! Pegou o bisturi acho que o bicho se chama isso e tirou o tumor. O meu irmão se tornaria  uma especie de servo daquela família, daquele Medico maravilhoso.



                                                                                                                                                   pg.57.

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                Eu vim pra São Paulo logo em seguida e aqui tivemos eu e minha mãe outras lutas de tirar o fôlego. Dona Donata foi uma honra muito grande ter lutado ao seu lado, sobre o seu comando.




 




                                                                                                                                        








                                                                                                                                              pg.58.

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