segunda-feira, 23 de julho de 2012

OOO O CIRCO CHEGOU!!!!!!!!!!1Coaraci

Um dia Coaraci amanheceu diferente, está chegando mais um circo, não era mais um circo, era o maior Circo, era o Circo Nerino.
o maior espetacular que já tinha passado por Coaraci
Circo Nerino. Para nois o maior circo que já tinha pisado na quelas terras. O maior Espetáculo da Terra.
Ninguem em Coaraci jamais tinha assistido um espetáculo tão grandioso como aqueles do Circo Nerino.
O ano de 1954, premiou Coaraci com os espetáculos do Circo Nerino.
Eu tinha apenas 10 anos e fui tirado de dentro do circo  umas três ou quatro vezes, não lembro direito quantas vezes, eu não sei dizer como eu com apenas dez anos podia ir pra porta de um circo, não lembro o espetáculo de estreia, mais não importa.
O que importa é que no outro dia ninguém falava em outra coisa, eu  não lembro se conseguir, se conseguir enganar o mata cachorro... Bem pra quem não é da época: Mata cachorro é o mais baixo salário do circo.
É aquele empregado que está ali fazendo ronda pra ver se tá tudo certo, é ele que bota agente pra fora do circo uma , duas, três ou quatro vezes por noite de espetáculo, é o homem que tem a sua mãe mais xingada do mundo acredito ou tinha. as  vezes eles punha agente pela orelha e de quebra ainda dava um pescoção.
Eu naquela época tinha de nove pra dez anos o que equivalia naquele tempo uns quinze anos de hoje, eu acho, tanto que era a liberdade que nos era dado,. E a falta de perigo que tinha naquela época dos anos 50. Acho que aqui era assim também.
Eu ali nos anos 50 já tinha vivido muitas muitas aventuras grandiosas, já tinha ido em Bom Jesus da Lapa, Já tinha enfrentado muitas coisas grandiosas como; O susto com  cobra que eu ia pegando com a mão.
Os medos daquela época eram outros como: Os medos vinham de coisas naturais ou folclóricas medo de velho, de doido, medo do cão, medo de cobra, de onça, de lobisomem de boi, de vaca parida, de cair de arvores, de morrer afogado, medo de cachorro louco, também tinha medo de assombração de jitirana,. os meninos daquela época viviam com o coração na mão, medo de pantasma de cavalo em fim tinha medo de tudo mais enfrentava tudo.
Montava em cavalo bravo entrava em fazendas pra roubar frutas mesmo sabendo que tinha os empregados que se pegasse tinha ordem de matar. Mais voltamos ao Circo Nerino.
O Circo Nerino estava sendo armado na rua do cacau, local meio afastado do centro da cidade, mais era ali que era armados circos, parques de diversão e é  etc. Os meninos pobres é claro, estavam todos lá pra ver se alguém do circo lhe pedia pra fazer alguma coisa, e assim ele teria feito um favor pra o circo que ia lhe render uma entrada para assistir o circo de graça., mais isso era muito difícil de acontecer.
Aquele universo cheio de encanto para os meninos como eu cheio de sonhos. Os meninos ricos jamais iam estar ali, viver aqueles momento mágicos de ver os movimentos dos homens e artistas ali passando pra lá e pra car, até dando bronca na gente. Até o palhaço Picolino I, ajudava a armar o circo nois voltava da escola e ia pra o circo ficar olhando o movimento de armação do circo inesquecível.
Circo armado só faltava anunciar os espetáculos, coisa que ia ser feito por um palhaço de rua num jegue ou em cima de umas pernas de pau tamanho gigante, acompanhado por nois os meninos pobres livres e felizes da cidade. Depois de ensaiar alguns gritos com nois, tipo: ''Atenção senhoras e senhores dessa redondeza quadrada! Não percam hoje as oito horas da noite o grande espetáculo do nosso circo Nerinos nessa localidade, Oh nasce o sol esconde a lua, olhe o palhaço no meio da rua, hoje tem espetáculo!'' -Nois, tem sim senhor.!Oito horas da noite ! -tem sim senhos!
, então arrocha negrada - eeeeeeeeeee! mais um bocadinho! -eeeee!!!!
Assim ficava marcado pra o outro dia no mesmo horário, todo mundo ali no ponto de encontro, pra sair de novo rua acima rua a baixo na maior algazarra organizada, fazendo a propaganda do próximo espetáculo.
Eu só tinha medo de ser visto: por meu pai ou minha professora, mais o resto não importava.
Eu só sei que o meu papel de menino pobre eu compria direitinho.
Enquanto isso o palhaço de rua com nois, já anunciava a grande estreia do novo palhaço da companhia:.
Atenção senhoras e senhores não percam no próximo sábado a grande estreia do grande palhaço Picolino II. Esta cidade foi escolhida a dedo para essa estreia sensacional. E nois ali na esperança de ganhar a entrada que nunca ganhava, mais não importava nois entrava de qualquer jeito, ali nois estávamos mesmo pra se divertir e pronto. Chegava em casa contando história inventada na hora, as vezes dava certo , as vezes não e o coro comia.
-O circo Nerino tá na cidade, hoje tem espetáculo, mais a vida tá correndo e tem muitas coisas pra fazer.
Meu pai não parava um minuto pra alimentar a família que não era pequena, e a gente que era maiorzinho, tinha que ajudar no que desse.Tinha escola pra ir, tinha o rio que tomava boa parte do nosso tempo, tomando banho, ou pescando, ou ainda acompanhando minha mãe que lavava as roupas de todos e agora com o circo ainda tinha que as três horas ir para sair com o palhaço de rua anunciar o grandioso espetáculo.
Ai então chega a hora de estreia do Circo, Depois de grande caminhada atras do palhaço gritando até ficar roco não deu outra, circo lotado, não tinha nem lugar pra nois.
-O espetáculo começava e nois lá fora tentando entra por baixo do pano, era preciso dar varias voltas em redor do circo, até conseguir, quando conseguia muitas vezes era descoberto e jogado pra fora como cachorro, dependendo do rapaz que nos descobria agente ainda levava um pescoção, mais mesmo assim já começava batalha pra entra de novo.
-O espetáculo de estreia foi uma beleza: casa cheia a banda do circo tocava musicas de suspense enquanto o trapezista apresentava o numero inédito a caixa de guerra repicava trraaraaaaa... e terminava com um toque agudo de piston. isso era sensacional, muitas vezes nois ainda estava lá fora escondido em alguma sombra esperando uma oportunidade pra entra.
Mais o que o povo gostava mais era mesmo a segunda parte do espetáculo, que era uma peça encenada pelos artista do circo, onde o primeiro galã era Róger Avanzi . Me lembro da peça ''O Louco da Aldeia'' um clássico, outro clássico:''Coração Materno'', outro ''Sanção e Dalila'' ''O Ebrio''. essas peças encantava o publico agente chorava muito. o povo do circo ficaram encantados com a nossa recepção. Do povo de Coaraci.
A vida corria normal nessa cidade tão pura, na feira os cordéis não perdia tempo, chegavam de suas origens para vender seus romances é fabulas, o povo da roça precisava dessa leitura os que sabiam ler é claro.
Romances como Pavão Misterioso, O Cachorro dos Mortos, A Chegada de Lampião no Inferno, Juvenal e o Dragão e muitos outros deliciosos romances de cordel.
Também tinha os grupos de esmole que faziam as feiras das cidades de Uruçuca, Camacan, Itájuipe e muitas outras cidade da região cantando, musicas apropriadas com agradecimentos, sim pedia e agrandecia cantando. Tinha também um tal de Calú Gonzaga, era um camarada albino,que cantava tocando pandeiro, umas musica parodiadas de Luiz Gonzaga, esse fazia muito sucesso. A feira rolava até as três ou quatro horas da tarde. Vamos voltar ao Circo Nerino e seus espetáculos,O Sr Tiano acho que já falei não perdia uma noite, sempre ali na terceira carreira da arquibancada batendo palma.
Seu Tiano Fazendeiro Pioneiro chegou na região na década de trinta e formou com muito trabalho, fez fortuna ali em Coaraci e era muito agradecido a isso. Ele era uma atração a mais pra os meninos, que ficavam olhando pra aquele homem de terno de linho branco, sentado ali na geral do circo.
-Preciso ver o Quinda pra ver se ele foi, eu sei que ele foi não perdia um dia.
-Quinda falou : voce não foi por que? fui tirado três vez de dentro.rsrsrs.
-Que derrota, pois eu consegui! fiquei lá perto dos músicos. Mais no próximo estarei lá, seu Tiano também!.
Era muitos números de malabarismo, magica, trapézio, corda bamba comedor de vidro e o palhaço picolino pra fazer todos rirem. Quinda era aquele menino muito alegre, sempre com aquele sorrisão e sempre pronto pra aprontar alguma coisa. As 02:00horas lá ia nois pra porta do circo pra acompanha o palhaço rua acima rua abaixo gritando viva o circo, viva o circo..,.A noite estava lá na portaria do circo, no alto dos meus 10 anos de idade, vendo um jeito de entrá por baixo do pano, as vezes mal acabava de entrá já tinha um mata cachorro grudado na minha orelha me botando pra fora. Uma vez meu irmão mais velho viu o homem me pondo pra fora, quase morri de vergonha, mais a vontade de entra era mais forte, muito mais forte. A vergonha durava
no máximo uns 5 segundo e a vida continuava. Próxima peça; ''O Ébrio'' drama uma adaptação da musica de Vicente Celestino, O Ébrio grande sucesso da época, no dia seguinte só se falava no ébrio era uma gozação só com aqueles que bebia.kkkkkkkkkkkkkkkkk







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