sábado, 30 de julho de 2022

 Estradas Reais.

Livro Revista. 240, 241.

Eu só queria uma Passagem para São Paulo.


                 Estávamos no final de 1956 ou inicio de 57. Não sei! só sei que tinha saído vivo de uma aventura do cachorro de moléstia trazendo uma cabra que dava dois litros de leite, do Ouro. No dia  a dia meu pai compra um carneiro, compra um bode, compra um rebanho. comprou uma cabra prenha que ele ficou com pena de matar porquê a cabra estava prenha, a cabra pariu, ele com remorsos por ter me deixado no meio do sertão trazendo do Ouro a cabra de dois litros de leite falou, quando a cabra pari o cabrito é seu, eu falei! meu ? ele falou sim. Ai ''Pronto... '' A cabra pariu e falei: Puta que pariu! tou rico, eu ainda não tinha acendido o plano de ir pra São Paulo ou pra o Rio, eu só tinha 14 anos ou 15. Pariu um cabrito lindinho, preto e marrom as cores do bichinho. com uns zoinhos. Só mamava e crescia. meu pai e nós na luta diária, muitas bocas, e poucas mãos pra trabalhar, o cerco estava se fechando pra mim, arranjei uma sapataria como aprendiz de sapateiro, onde aprendi a profissão meia boca,  não ganhava nada, mais tinha que comer, na hora de comer ouvia dichotes, cobranças, era pra mim um terror ter que ouvi, as vezes tinha que deixar todos comer. para depois ir. já estava chegando 16 e indo embora os 15 anos. Eu não via futuro, não era chamado pra nada, ninguém me chamava pra fazer nada que me rendesse alguns dinheirinho, pra nada.  Dai começou a  passar pela minha cabeça ir embora, começou... Não tinha terminado o ensino fundamental não tinha. Me sentindo criança completa, a cabeça virada para vim pra São Paulo, existia uma corrida pra cá, vez ou outra chegava um que tinha vindo, todo nos trinks, cheio dos Óculos escuro, o radio de pilha,  nos dizia  tá rico, nos os rapazinhos de lá ficávamos doidinhos, doidinhos pra ir pra São Paulo ou Rio. ''iludidos.'' 'Na quele tempo pra ajudar meu tio escrevia pedindo pra minha mãe mandar um de nóis pra cá.  Eu era o único que podia se cogitar, mais aberto, aos tempos que começava a dar sinal de mudanças, o primeiro sinal foi o aparecimento e uma turista vinda do Rio de Janeiro, vestida numa calça comprida, isso foi uma assombro.


                                                                                                                                            PG.240.

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Estradas Reais.

Livro Revista.

 

                 Depois de duas ou três  cartas do meu tio, comecei a ficar de prontidão. Meu tio falava nas cartas que eu já tinha emprego certo. Na quele exato momento as coisas tinham ficado muito ruim pra nós, meu pai se descontrolou nos negócios dele, largou também a família, foi embora de casa e assim virou mais  um sem teto no mundo, eu estava completando 17 anos, mais só podia viajar com 18 anos. Foi um ano muito difícil 1960, muito difícil, muito difícil eu não tinha dinheiro algum. Em fim chegou chegou os meus 18 anos, fi no dia 8 de outubro de 1960.  Estava decidido em vim. Em 59 os preparativos da viagem,  as dificuldades para tirar documentos eram tamanha por lá que deixamos para tira em São Paulo, dai cheguei aqui sem documentos, sem lenço. kkk Não imaginam como foi difícil, ano  6o chegou ligeiro, enquanto isso o cabrito preto e marrom crescia acelerado lá no seu Zacarias, ele vinha na feira de sábado e dizia pra meu pai bem assim, o bichinho tá grande e esta comendo todas as minhas cabraskkkk em fim chegou outubro e eu completei o sagrado 18 anos. Chegou o momento das despedidas, o momento exato. Fui na casa de seu Amancio me despedir, Sua Amancio era um Celeiro de mão cheia, da terra dos Baitas como diz o meu amigo de hoje, o Akira Yamazaki, para falar dos bons Poetas, me despedi da meninas dele elas que me amavam, da Dona Maricota e sai me despedindo de tudo, do meu pé de Tamboril, fui no Rio me despedi dele, das pedras, das areias. A noite olhei muitas vazes pra o Céu. Eu ia viajar as duas da tarde fui mais umas dez vezes no Rio, fui no Alto da veia Maria onde eu passei muitas horas da minha infância, muitas. E chorava, chorava muito. muito muito muito...




                                                                                                                                       PG.241.

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